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‘Remédio’ para o estresse: uma atividade antiga está ganhando popularidade
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A caminhada em labirintos está virando uma atividade global muito popular para reduzir o estresse, integrando a mente e o corpo.
- Por Camilla Ribeiro
- 27/05/2024 16h11 - Atualizado há 6 meses
O labirinto foi criado pelo artista Chris Drury em 2006, é inspirado no complexo padrão de uma impressão digital gigante de 40 metros de largura, com marcações de pedras colocadas na grama.
À medida exige concentração para seguir o seu caminho até o interior, enquanto isso a pessoa vai entrando em um estado mais contemplativo enquanto percorre o sinuoso percurso de mais de 600 metros até ao seu centro.
Os labirintos são usados em todo o mundo há séculos como uma maneira de acalmar a mente, aliviar a ansiedade, recuperar o equilíbrio da vida, aumentar a criatividade e melhorar as inspirações.
Na Idade Média, aproximadamente 25% das catedrais tinham labirintos, e andar em um deles hoje em dia está se tornando uma atividade global cada vez mais popular para desestressar, integrando a mente e o corpo.
Os labirintos de meditação são diferentes de labirintos complexos.
Labirintos complexos deixam as pessoas confusas, com seus becos sem saída e a constante ameaça de que vão se perder.
Já os labirintos para meditação têm como base desenhos clássicos onde, por mais complexo que seja o percurso, a pessoa sempre terá um caminho livre em direção ao seu centro.
“O labirinto [para meditação] é um caminho seguro em tempos imprevisíveis”, diz a Reverenda Lauren Artress, que fundou a organização sem fins lucrativos Veriditas em 1996 para ajudar a "lotar o planeta de labirintos".
As imagens clássicas desse tipo de labirinto datam de 4 mil anos. Na Europa e no Norte da África, desenhos em forma de labirintos apareceram em esculturas e pinturas rupestres, bem como inscrições em azulejos e moedas.
Na Ásia, nas Américas e no sul da África os labirintos eram esculpidos na rocha ou na areia e adornados em cestos de tecido.
Junto a essas profundas raízes históricas, a atividade de caminhar pelo labirinto pode ter outro apelo para o ocupado povo moderno.
"Muitas pessoas, como eu, 'fracassaram' ao tentar fazer meditação sentadas", diz Artress. "Uma meditação andando exige a mesma consciência interior."
A atividade de caminhar no labirinto passou por um renascimento nos últimos anos.
Desde 2009, no primeiro sábado de maio, pessoas de todo o planeta comemoram o Dia Mundial do Labirinto e percorrem caminhos longos e curtos através de uma vasta gama de labirintos que floresceram em todo o mundo nas últimas décadas.
O Localizador Mundial de Labirintos da Labyrinth Society agora registra cerca de 6,4 mil labirintos em mais de 90 países.
Os labirintos estão sendo construídos em ambientes muito diferentes e inusitados.
"Para pessoas em hospitais e prisões, caminhar no labirinto como uma prática de integrar mente-corpo pode ajudar em curas, além das formas tradicionais de tratamento médico ou aconselhamento", disse Jocelyn Shealy McGee, professora assistente na Escola de Serviço Social Diana R Garland da Baylor University, no Texas.
"Nossa pesquisa descobriu que caminhar no labirinto pode promover uma sensação de paz e outras emoções positivas, reduzir o estresse, cultivar a autocompaixão e a conexão e fornecer uma oportunidade para reflexão sobre a vida e a construção de significado."
Isso acontece através de uma combinação do caminho seguro até o centro do labirinto e da necessidade de avançar lenta e cuidadosamente, seguindo as voltas e reviravoltas do caminho.
Existe inúmeras formas de labirintos históricos que são encontradas em todo o mundo. Versões de pedra nórdica alinham-se nas margens do Mar Báltico, enquanto padrões de labirinto conhecidos como Chakra Vyuha ("Formação de Roda Giratória") estão inscritos nas paredes dos templos indianos.
A arte tribal dos nativos americanos inclui o icônico padrão Tohono O'odham ("Homem no Labirinto").
Muitos labirintos seguem sugestões de design de dois modelos clássicos.
Datados de mais de 3 mil anos, os labirintos de Creta têm o nome da ilha mediterrânea onde as formações teriam se originado na mitologia grega e consistem em um único caminho que vai e volta para formar sete circuitos (caminhos concêntricos) ao redor do centro.
Já o padrão Chartres, apresenta 11 circuitos e leva o nome da magnífica catedral francesa cujo piso abriga seu exemplo mais famoso. Os labirintos baseados no desenho de Chartres tornaram-se populares na Europa medieval, em parte como uma forma de miniperegrinação que era muito mais fácil do que ir a Jerusalém ou caminhar até Santiago de Compostela.
Alguns labirintos famosos
O maior labirinto e mais clássico do mundo é o Labirinto de Terra e Flores Silvestres de Jim Buchanan, com 130 metros de diâmetro, construído em Tapton Park, no norte da Inglaterra, usando terra de trabalhos de escavação.
A artista terrestre americana Anne Drehfal constrói labirintos temporários brilhantes usando neve fresca em sua terra natal, Wisconsin.
“Os labirintos pedem-nos que pensemos no nosso ambiente numa escala diferente”, diz ela. "E desacelerar enquanto faz isso."
O recentemente concluído El Santuario de los Pobladores (Santuário dos Colonizadores) no Colorado – o maior labirinto de adobe feito à mão do mundo, foi construído com mais de 40 mil tijolos de barro.